06 junho 2014

[Resenha] O Menino dos fantoches de Varsóvia - Eva Weaver



Sinopse: "Eu tinha 12 anos quando o casaco foi confeccionado. Nathan, nosso alfaiate e bom amigo, o cortou para o Vovô na primeira semana de março de 1938. Foi o último ano de liberdade para Varsóvia e para nós.......Sempre que você vir um casaco comum, pense no que pode existir em suas dobras, quais memórias podem estar escondidas em seus bolsos". Uma história intensa sobre a amizade entre um menino judeu e um soldado alemão e sobre o papel desempenhado na vida de ambos por um simples fantoche. (Choice Magazine).

Mesmo diante de uma vida extremamente difícil, há esperança. E às vezes essa esperança vem na forma de um garotinho, armado com uma trupe de fantoches - um príncipe, uma menina, um bobo da corte, um crocodilo...
O Avô de Mika morreu no gueto de Varsóvia, e o menino herdou não apenas o seu grande casaco, mas também um tesouro cheio de segredos. Em um bolso meio escondido, ele encontra uma cabeça de papel machê, um retalho...o príncipe. E um teatro de fantoches seria uma maneira incrível de alegrar o primo que acabou de perder o pai, o menininho que está doente, os vizinhos que moram em um quartinho apertado. Logo o gueto inteiro só fala do menino dos fantoches - até chegar o dia em que Mika é parado por um oficial Alemão e empurrado para uma vida obscura. 

Esta é uma história sobre sobrevivência, uma jornada épica, que atravessa continentes e gerações, de Varsóvia à Sibéria, e duas vidas que se entrelaçam em meio ao caos da guerra.


Começo pela dedicatória do Livro 
Para as vítimas da guerra do passado e do presente, que este livro ajude a promover o diálogo, a tolerância e a paz. 
Não é de hoje que gosto de livros que remetam à história da 2ª Guerra Mundial, pode ser biografia, ficção, romance, drama, enfim, todos os gêneros que tenham esse cenário me encantam.

Ler o Menino dos fantoches de Varsóvia me fez viajar pela história, por romance, por drama, e pela absurda pesquisa que Eva Weaver fez, para conseguir retratar o quão verdadeiro aquele período foi.

Não é nenhum espanto dizer que o li, e olha que são longas 400 páginas, em menos de 24 horas, a história me fez ficar empolgada, ao virar cada página e descobrir novas passagens. A surpresa de chegar depois da metade do livro e ver a história sendo contada por outra perspectiva, me fizeram ficar apaixonada por esse livro, essa autora, por tudo enfim.

São 22 marcações, de momentos importantes, tocantes, fatos históricos verídicos, e muita muita emoção.

Esse tipo de leitura deveria ser obrigatória nas escolas, nos grupos de leitura, na vida, ele não conta apenas uma história de ficção, conta uma história de vida, mesmo que Mika e seus fantoches, ou que ainda "o soldado alemão" seja personagem fictício, (não para mim), é a história de dois povos, na verdade de mais povos, já que a Guerra envolveu tanta, tanta coisa. 

As descrições feitas pela autora são precisas, os momentos verídicos narrados são tensos, é impossível ler e não ir checar depois algumas informações. E, por mais que tenhamos estudado na escola (alguns tenham se aprofundado depois no tema), nunca é demais um novo olhar, um novo retrato sobre o que era a guerra, os campos de concentração, as mortes por câmera de gás, a fome, o desespero que milhões de judeus passaram naquela época.

Não o bastante, Eva Weaver nos mostra também o outro lado da guerra, até que ponto os soldados realmente acreditavam na causa do louco (porém inteligentíssimo) Hitler, eles eram realmente fiéis à causa, ou eram apenas bonecos manipulados pela loucura de um ditador?

O que aconteceu pós guerra com os soldados, com as famílias, com os sonhos, e os herdeiros da guerra?

Tentando encontrar palavras para uma resenha o pequeno resumo já está descrito na sinopse, Mika um garotinho em tempos de guerra perde o avô, herda o casaco deste e com ele um mundo de fantasia. Mundo esse que pode ficar perigoso, com as coisas às quais Mika começa a passar para o outro lado do mundo. Como ele conseguia alimentos para ele e sua mãe sobreviverem? Como conheceu o amor em tempos de guerra? De que forma um apartamento pode acomodar muitas pessoas, sendo que antes servia apenas a ele e sua mãe?

São dúvidas e perguntas que só a leitura vai poder responder, para essa "resenha" pela primeira vez fico apenas com os "quotes". Espero que eles consigam transmitir alguma mensagem !
  
"O espectro da guerra pairava sobre nós havia muito tempo. Até que, em 1 de setembro de 1939, os bombardeios começaram" Pág. 19.

"Em 29 de setembro, Varsóvia se rendeu. Quando abri a porta de casa , emergi num mundo diferente, o bairro era apenas uma fachada feia e castigada pelo fogo. E os cavalos. Suas carcaças inchadas estavam por toda a parte." Pág. 22.

"O Exército Alemão entrou na cidade. O próprio Fuher, Hitler, chegou para passar as tropas em revista e inspecionar a nova cidade conquistada" Pág. 23.

"Em outubro de 1940, quando pensávamos que as coisas não podia ficar piores, eles nos deram duas semanas para deixarmos nosso apartamento e pertences para tras. Mudamos para o distrito residencial judaico. Não passava de um " gueto". Aquilo não seria nada além de uma imensa prisão" Pág. 27.

"Não podíamos dar a meu avô um funeral como faríamos no passado, mas tivemos sorte por conseguir ao menos uma sepultura......Meses depois . não havia mais nenhuma disponível: os mortos eram deixados nas ruas durante a noite e recolhidos no outro dia, apenas para serem jogados numa cova profunda. Pág. 36.

"O Fedor da miséria e do desespero estava por toda a parte" Pág. 68.

"Pela primeira vez encontrei no casado do meu avô um fantoche, e ai um novo mundo se abria diante de mim" Pág. 49.

"Aquele era o começo de uma rotina terrível: eu saia dizendo que ia fazer uma apresentação em algum lugar do gueto, encontrava-me com Max e atravessava os portões até chegar ao lado ariano. Minha mãe nunca mais perguntou sobre o pedaço de pão que eu trazia " Pág. 112.

"Eles levaram todas as pessoas que prenderam naquele dia até o Umschlagplatz. Era uma praça delimitada por cercas, abarrotada de gente, tomada pelo caos e pelo desespero. Sete mil dos nossos eram levados por dia.Pessoas como gado para um lugar desconhecido.Minha mãe, minha tia, e as pessoas que moravam conosco estavam entre eles.  Pág. 168.

"E assim me tornei parte do grupo que se formou naquelas semanas devastadoras após as deportações, a ZOB4, a Organização Judaica de Combate. Pág. 201.

"Após rastejar por labirintos fedorentos por mais de 20 horas, tentando não engolir água toxica, chegamos na floresta espessa. Era maio de 1942, por ora nós estávamos  a salvo" Pág. 228.

"Em 1958, três anos depois do fim da guerra, eu partia para a América. Pág. 235.

O Soldado (Karl)

"Agora eu era um prisioneiro de guerra, tudo aquilo pelo qual havíamos feito os judeus passar, estava sendo imposto a nós em campos de trabalhos forçados, fome, dor e desespero nos acompanhavam dia a dia, e a cada dia que nascia alguém sucumbia a fome e o desespero. Éramos prisioneiros do Gulag, no Campo 267, no fim da Síbéria. Pág. 252.

Será que Karl e Mika se encontrariam mais uma vez na América? Será que os fantoches de Mika sobreviveram a tantas décadas?

Leia , e não se arrependa!
























Beijos

9 comentários:

  1. Oi, Sara
    Fiquei louca para ler esse livro. Adoro ler livros sobre a Segunda Guerra Mundial, principalmente os que falam sobre o Nazismo e o mal que ele causou ao mundo.
    Gostei muito da dedicatória do livro.
    Com certeza vou ler.

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  2. Oi, Sara
    Fiquei louca para ler esse livro. Adoro ler livros sobre a Segunda Guerra Mundial, principalmente os que falam sobre o Nazismo e o mal que ele causou ao mundo.
    Gostei muito da dedicatória do livro.
    Com certeza vou ler.

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  3. Eu acabei de comprar, espero não me arrepender! mas acredito que ficarei bem emotiva, porque livros que retratam as guerras me deixam comovida
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  4. Oi Chrys. Oi Sara.
    Assim como você, eu me encanto e fico fascinada com qualquer leitura que me traga mais informações sobre o período da guerra, e O Menino dos Fantoches me atraiu sem que eu precisasse ler qualquer resenha.
    Mas passando por aqui me deparei com ela , e não pude deixar de saber sua opinião.
    E tem razão, o homem era louco, mas acima de tudo inteligentíssimo. Hoje sendo o dia D assisti alguns documentários que mostrava a grandiosidade das obras que ele planejou para a guerra, ele bem que poderia ter usado toda essa inteligência pra bens produtivos e melhorias.
    Na escola nunca fui fã de história, mas é com livros como esse que consigo me envolver com esses fatos.
    Hum...acho que divaguei demais aqui rsrsr, com certeza não só os quotes me conquistaram, mas saber que o livro também emociona.

    Beijos.
    Leituras da Paty

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  5. Sarinha, sua linda, que resenha!
    Apesar de ser extremamente sensivel e chorona na vida real, durante as leituras poucos livros me fazem chorar de verdade. Às vezes choro por dentro. Mas livros que falam de guerras e de todo o potencial humano para a a crueldade e a extrema violencia, com certeza, me arrastam para muitas lagrimas. Diferente de você, mesmo presa a uma narrativa linda e dolorosa assim, nao conseguiria ler de uma sentada so.Preciso respirar, as cenas sao fortes demais, ainda que nao sejam detalhadas nos pormenores incrivelmente desumanos, so de pensar na situaçao ja fico sem ar.
    Lindo, lindo, lindo, amei cada quote e o livro vai pra minha estante de desejados urgentes. Vou ja atrás dele!
    Beijo no seu coração!

    Uma resenha quentinha aqui e quero saber sua opiniao, afinal, ler este livro foi culpa sua! hahaha...Ler para divertir

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  6. Oi Sara, tudo bem?

    Confesso que não tinha conhecimento tanto do livro quanto da autora. Mesmo assim, creio que irei gostar de sua trama, uma vez que adoro livros ambientados em guerras, até mesmo pelo fato histórico e político. Assim sendo, percebi pela sua resenha que a trama é bastante rica e emocionante. Além disso, adorei os quotes escolhidos. Bom... irei colocá-lo na minha lista de leituras, quando eu tiver tempo irei comprá-lo e lê-lo, e assim como você relatou em toda sua resenha, espero me surpreender. o//

    Abraços,
    Gustavo Demétrio
    VIDA DE LEITOR - vidadeleitor.blogspot.com.br/

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  7. O próprio título já pressupõe a vida fantasiosa ou cheia de fugas para se ter a felicidade, o mundo que queremos, os fantoches significam ao meu ver o que gostaríamos de ser, mas que o mundo nos manipula. Achei a sinopse e a resenha belíssimas e já queria ler esse livro antes de qualquer opinião, mas agora você realçou a minha vontade de tê-lo. Acho que a emoção deve ser o foco principal nessa linda e comovente vida desse pequeno!

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  8. Oi Sara!

    Fiquei muito feliz quando a Novo Conceito anunciou este livro como um dos lançamentos. Sou fascinado pelo tema de guerras, mesmo que sejam torturantes. Um dos meus livros favoritos fala sobre isso, chama-se "Era Uma Vez, Há Muito Tempo Atrás...". Se você gostar do gênero, procure-o. É muito fofo!

    Beijos,
    Gabe
    www.sixdoe.blogspot.com

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  9. Sara que resenha deliciosa! Ou talvez nem tanto pois a guerra a gente sabe o quão devastadora é na vida das pessoas, mas amei sua resenha. E o uso dos quotes deu uma ideia muito maior do que nos espera na leitura. Sempre gostei de livros que abordam como pano de fundo a Segunda Guerra e acho que eu leria todos. O menino dos fantoches de Varsóvia já vai pra minha lista e espero conseguir ler logo porque fiquei realmente "encantada".

    Beijos, Greice.
    diariodaalvorada.blogspot.com.br

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